Bichinho

É um bicho miudinho, ínfimo quase. É do tipo que não se lembra que existe. Outro dia, eu mesmo olhava para um canto vazio de um corredor, ao lado de uma cadeira e me toquei: tem vida ali! Não dá pra ver a olho nu, mas é bem assim.

Tem um comportamento estranho: preda a si mesmo. Pode ser porque seja evoluído de pouco, o cérebro não opera nem a 10% de sua capacidade. É pluricelular, não produz sua própria energia e é, contraditoriamente, especialmente capaz de descuidar de suas fontes. Como a maior parte dos bichos, não consegue sequer entender o que acontece ao seu redor. Ora se comporta como parte de rebanho, ora como parte de grupos especializados; imita sociedade, ora dissocia-se.

Esse bichinho é capaz de extrema violência, como atacar a fêmea de vestido curto na faculdade – ou matar um indivíduo que torce por outro time. É um bichinho capaz de matar um semelhante por um tapa na testa! Briga por tudo. Aliás, briga por quase nada, à-toa. E mata em massa.

O mais peculiar é que esse bichinho tem certeza de tudo! Imagine só: esse bichinho, que mal começou a engatinhar, que vive brigando, que não entende bem nem como dois prédios atingidos por aviões podem colapsar feito implosão, que não sabe nem o que é bastidor dos corredores de seus governos, já entendeu quem é e como opera aquela que seria a mente mais complexa e mais suprema do universo! É muito brilhantismo pra um bichinho só. E o melhor é que ele fez isso sem ver absolutamente nada, naquela que deve ser a mais grandiosa das deduções (já que foi capaz de compreender a mais complexa das mentes do universo inteiro que esse bichinho nem sabe qual é o tamanho).

Morro de orgulho!

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